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Após perder RexPa e ser eliminado da Copa do Brasil, Paysandu cancela festa de aniversário

Criado em 02 de fevereiro de 1914 em uma casa da rua dos Pariquis, em Belém, o Paysandu, em ritmo carnavalesco característico ao seu mês de nascimento, muitas vezes alegrou sua torcida a fazendo cantar o refrão “explode coração na maior felicidade”, que consagrou o samba enredo da Salgueiro em 1993. No entanto, 104 anos depois, o tom é muito mais de mágoa e decepção com início de ano bicolor e se aproxima bem mais de “tristeza pé no chão”, de Clara Nunes.

Após a derrota de virada para o Clube do Remo no domingo e a derrota e eliminação da Copa do Brasil para o modesto Novo Hamburgo-RS, na última quinta-feira (1°), a diretoria alviazul preferiu cancelar a festa de aniversário programada para esta sexta-feira.

Talvez resumida no trecho “Dei meu tempo de espera/ Para a marcação e cantei/ A minha vida na avenida sem empolgação” da canção citada, a notícia foi dada sem muita poesia no site oficial do clube:

Sem o apoio, a confiança e, sobretudo, a fidelidade da sua imensa e apayxonada torcida, o Paysandu Sport Club jamais teria se reerguido nos mais momentos difíceis, assim como também nunca teria conseguido colecionar grandes conquistas ao longo dos seus 104 anos de existência, completados nesta sexta-feira, dia 2 de fevereiro de 2018. E é em respeito à Nação Bicolor que a Presidência do clube optou por cancelar o evento festivo que estava programado para hoje, na Sede Social da avenida Nazaré.

Assim como os torcedores, os dirigentes, colaboradores e funcionários do clube também entendem que, apesar da data, não há clima para fazer uma festa um dia depois de uma eliminação do time de futebol profissional na Copa do Brasil, embora as convicções e a seriedade para dar sequência ao trabalho permaneçam as mesmas.


O cenário atual é de tristeza e críticas diversas facilmente ouvidas em conversas e postagens e comentários nas redes sociais, muitas vezes dirigidas ao ainda técnico do clube Marquinhos Santos, ao goleiro Marcão, à ausência de meio-campistas de qualidade que acompanha o clube há anos e a possível falta de raça e valentia, as mesmas que marcam as camisas n° 1 e n° 2 do Papão.

Apesar disto, o Paysandu segue como o maior campeão da Amazônia, com dois títulos da Série B do Brasileirão; um da Copa Norte; um da Copa dos Campeões; único clube do Norte a participar da Libertadores – na qual obteve, até a conquista do Corinthians em 2012, o melhor aproveitamento da história entre clubes brasileiros -; maior goleada sob o rival (7 a 0, em 1945); a histórica vitória sob o Boca Juniors em 2003 – ano em que o clube argentino foi campeão mundial, com praticamente o mesmo time titular que enfrentou o Papão -, além dos 44 títulos paraenses que o tornam o maior campeão da competição no Estado, entre tantos outros em outras modalidades.

Talvez seja este rico currículo que faça a torcida cantar, em uníssono, “Dei um aperto de saudade/ No meu tamborim/ Molhei o pano da cuíca/ Com as minhas lágrimas”, como cantou Clara Nunes. Mais que isto: talvez seja o mesmo pensamento da diretoria, já que diz ainda a nota do Paysandu que…

Por toda a grandeza do Paysandu Sport Club, o dia 2 de fevereiro tem, sim, de ser lembrado e celebrado por todos os apayxonados que se orgulham da bela história que milhões de bicolores ajudaram a construir ao longo de mais de um século. São vitórias dentro de campo, das quadras, das piscinas, das águas e da Administração, além do crescimento patrimonial.

Mas, ao escrever a marchinha que popularmente seria conhecida como o hino do clube, há mais de 50 anos, Pires Cavalcante ensinou que o Paysandu quando perde é por descuido, mas depois vem a virada. E é em mais uma virada que o clube acredita para, em breve, retomar o caminho das glórias.

É justamente esta a inspiração dos bicolores, que tem em seu hino “vencer, eis a esperança que nos guia” que faça a má fase passar e que o clube e torcida voltem a sorrir não somente nesta data querida, mas nos próximos anos de vida, e que o bicolor volte a “contagiar e explodir esta cidade”, em um tom bem mais alegre e carnavalesco.

(Enderson Oliveira/DOL)

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