A paz ameaçada

É improvável que ocorra uma repetição do traumático episódio de domingo passado, quando o Flamengo ameaçou não entrar em campo contra o Palmeiras, amparado em liminar concedido pela Justiça Trabalho. Com 18 atletas contaminados pela covid-19, o clube alegava não ter atletas disponíveis para escalar o time. Em consequência, a dúvida persistiu até minutos antes de a bola rolar e a partida sofreu grande atraso.

O futebol tem problemas acumulados que florescem nos bastidores, mas nem sempre vêm à tona e chegam ao conhecimento do torcedor. Nos últimos dias, a postura dos dirigentes do Flamengo, notadamente o presidente Rodolfo Valentim, no episódio acima citado expôs animosidades que eram represadas no convívio dos grandes clubes.

As boas relações começaram a ruir quando o clube carioca descumpriu o acordo celebrado com a CBF e demais agremiações que estabeleceu em 13 atletas o limite mínimo para um clube participar de jogos, mesmo tendo parte do elenco contaminada pelo novo coronavírus.

Sem diálogo com os outros clubes, o Flamengo agiu com arrogância e tentou de todas as maneiras impor sua vontade, indiferente ao posicionamento assumido pela CBF e clubes da Série A. Ainda em meio à pandemia, conseguiu antecipar a volta do campeonato estadual e tentou forçar o retorno da torcida aos estádios.

Diante disso, Landim passou a ser comparado a Eurico Miranda, pelas estratégias individualistas e métodos pouco ortodoxos na condução de problemas envolvendo interesses de seu clube. É visível o isolamento crescente do Flamengo e o choque entre suas propostas e a dos outros clubes.


Eurico vestia a camisa do Vasco e, a partir do suposto amor ao clube, não hesitava em trapacear e em armar esquemas que envolviam tribunais e comissões de arbitragem. Até nisso o Flamengo reviveu o Vasco dos tempos de Eurico: a liminar obtida foi reivindicada por um funcionário do clube que dirige o sindicato de atletas.

A grande campanha rubro-negra em 2019, com a conquista dos principais títulos em disputa e reconhecimento nacional das qualidades do time treinado por Jorge Jesus, parece ter exercido um efeito negativo sobre a direção do clube, que passou a pautar seus atos pelo mais completo desprezo pelos concorrentes.

Em consequência disso, o clube entrou em conflito direto com a CBF e passou a ser alvo de protestos públicos de outras agremiações. O Atlético-MG foi o mais explícito, defendendo a aplicação de punições ao Flamengo pelo descumprimento de protocolos e acordos.

O atual estado de coisas impressiona pelo ineditismo. Como se sabe, a união entre os clubes se mantém sólida até diante de questões polêmicas e delicadas. O Flamengo está desafiando essa convivência pacífica.

A grandeza do clube, o mais popular do país, sempre foi usada para garantir benefícios e privilégios. Por isso mesmo, Landim não deveria se exceder nas ações que fazem do clube ao mesmo tempo um fenômeno popular e um prodígio de antipatia. Uma coisa não combina com a outra.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h45, na RBATV, logo após o jogo da NBA. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião.

Em pauta, o clássico Re-Pa, válido pela nona rodada da Série C e a campanha dos clubes paraenses na Série D.

Web espelha popularidade de atletas e força das marcas

Uma pesquisa do Ibope Repucom, lançada na sexta-feira, mediu a popularidade dos atletas no Instagram, tida como a rede social com maior incidência de atletas da chamada elite do futebol brasileiro. Daniel Alves, camisa 10 do S. Paulo, lidera o ranking com mais de 31 milhões de seguidores na rede.

No top 5 do ranking, o astro tricolor é seguido à distância por três jogadores do Flamengo – Gabigol com 7,7 milhões seguidores, Filipe Luís com 5 milhões e Diego com 4,2 milhões – e um do Internacional, o atacante peruano Paolo Guerrero, com 4 milhões de fãs na rede.

O levantamento considerou os 20 clubes da Série A, além do Cruzeiro e Vitória, que estão na B. O top 10 jogadores com mais seguidores no Instagram destaca o Flamengo, com seis de seus atletas. Além dos já citados, Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arrascaeta marcam presença entre os boleiros mais seguidos do país.

A lista tem dois jogadores de clubes de S. Paulo: Daniel Alves, do S. Paulo, e Felipe Melo, do Palmeiras. Fred, do Fluminense, é o décimo jogador mais presente no Instagram, com 2,6 milhões de seguidores.

A boa notícia envolvendo a identificação dos torcedores com seus ídolos é que pode virar uma preciosa estratégia de potencialização das marcas patrocinadoras. Entre os seguidores de Daniel Alves, por exemplo, estão 80% do total de seguidores do S. Paulo. Guerrero é outra referência: seus seguidores representam 43% do volume entre os demais atletas do Inter.

Como o sucesso está diretamente associado ao investimento em craques, não surpreende que a pesquisa Ibope Repucom tenha Flamengo, S. Paulo e Palmeiras como os clubes (e marcas) com maior volume de seguidores entre seus atletas. O trio representa 57% do valor acumulado de inscrições entre os mais de 700 jogadores das 22 equipes mapeadas.

O Flamengo, líder no acumulado, tem 46,2 milhões de seguidores entre todos os seus atletas, o que representa 26% do valor total entre todos os clubes. Em resumo: 1 a cada 4 seguidores de atletas dos clubes mapeados pela pesquisa segue um atleta do Flamengo.

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