O que antes parecia campo ideal para o desfile de vaidades, caprichos e até disparates, como a proposta de encerramento do Parazão, virou de repente uma agoniada corrida contra o tempo para que a competição estadual comece o mais cedo possível, a fim de não coincidir com jogos da Série C e assim poupar a dupla Re-Pa de um desgaste exagerado logo nas primeiras rodadas.

Há dois meses, o debate que ocupava tempo e espaço midiático versava sobre a continuidade do Campeonato Paraense. Parte dos clubes apoiava a ideia de finalizar a competição, sem rebaixamento e dando o título ao PSC, líder da fase de classificação.

Como nenhum outro campeonato estadual seguiu esse caminho, os defensores da causa tiveram que recuar e aceitar o cumprimento do regulamento, respeitando o contrato firmado com os patrocinadores da competição – Banpará e Funtelpa.

A decisão do conselho técnico restituiu o bom senso, assegurando o reinício do campeonato, mas o tempo precioso que se perdeu ali faz falta agora. A discussão oca e inconsequente, cercada de exigências e dificuldades para a retomada, não levou a nada.

Na quinta-feira, a CBF divulgou o calendário dos campeonatos determinando que a Série C inicie no dia 9 de agosto. Com isso, criou-se uma situação desfavorável à dupla Re-Pa, pois os jogos do Parazão se iniciam a 1º de agosto e irão até o dia 23, montado com o começo do Brasileiro.

A Federação Paraense de Futebol decidiu aguardar a divulgação das tabelas da competição nacional, embora trabalhando nos bastidores para que o início do Parazão seja antecipado. O PSC propôs a data de 22 de julho, mas seis clubes ainda estão iniciando a preparação.


Bragantino e Tapajós voltaram aos treinos na sexta-feira (10), o Águia programou o retorno para amanhã (13), enquanto Carajás, Independente e Paragominas só reiniciam atividades na quarta-feira, 15.

Há uma boa probabilidade de que se defina a data de 25 de julho, que permitiria mais tempo de trabalho para os clubes do interior, mas, ainda assim, a decisão não cabe à dupla Re-Pa. Pela primeira vez, em meio a todo o imbróglio envolvendo a competição, a palavra final será dos emergentes, uma espécie de volta do anzol.

Curiosamente, antes que a CBF mudasse as datas da Série C, havia a exigência por parte de alguns clubes por cinco semanas de preparação antes do Estadual. Chegou a dito que alguns clubes poderiam desistir do torneio se não fosse dado o tempo considerado ideal para treinamentos. Toda a intransigência cai por terra agora diante dos novos fatos.

Eventuais queixumes quanto à sobreposição de datas também caem por terra porque os problemas de desgaste não serão exclusividade da dupla Re-Pa. Até o dia 4 de agosto, clubes adversários de Leão e Papão estarão ocupados com as fases finais da Copa do Nordeste.

Um beque da roça solta coices até quando aposentado

Beque de estilo violento, forjado na escola portenha da catimba, Oscar Ruggeri marcou época guarnecendo a ferro e fogo a grande área de River, Boca Juniors, Real Madrid e seleção argentina. Estava sempre pronto a tirar o couro (e o sangue) de atacantes mais audaciosos. De repente, ele ressurge em entrevista à ESPN como se fosse um Gandhi dos gramados, com uma revelação sobre a Copa de 1990 e o jogo com o Brasil nas oitavas de final.

Segundo ele, todos no vestiário argentino festejaram a barração do zagueiro Mozer no jogo que Caniggia acabou decidindo. O rubro-negro despertava temor entre os atacantes argentinos e Ruggeri chega a chamá-lo de assassino. “Ele usava umas travas grandes e nesse dia deixaram ele de fora. Quando disseram que Mozer não jogava, queríamos abraçar o técnico do Brasil (Sebastião Lazaroni). Esse cara era uma besta”.

Campeão mundial em 1986, Ruggeri também ficou conhecido pela briga generalizada que armou após derrota do Lanús para o Atlético-MG por 4 a 1, em Buenos Aires, pela Copa Conmebol 1997. Uma agressão covarde que teve a participação de torcedores e complacência da polícia. Junto com outros jogadores do Lanús, o beque veterano agrediu o técnico Emerson Leão, que levou cortes no rosto e teve suspeita de fratura do malar.

Como se vê, de anjo a figura nunca teve nada. Perto de Mozer, um zagueiro de grandes recursos técnicos, Ruggeri foi um reles beque da roça.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 21h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, as incertezas sobre a data de retomada do Campeonato Paraense.

Galvão e a esperança de que o Águia possa surpreender

Com dificuldades acumuladas ao longo da pandemia, principalmente pela perda de jogadores importantes (como o meia Edicléber), o Águia recomeça com esperanças de classificação às semifinais. Os números permitem acreditar. O time é o 5º colocado, com 11 pontos e pode alcançar Paragominas (13) e Castanhal (14), mas não depende apenas de suas forças. Precisa fazer sua parte e torcer por uma combinação de resultados.

A reestreia, logo contra o Remo, é motivo de preocupação, mas o técnico João Galvão avalia que o time ainda pode surpreender na reta final da fase de classificação. Após enfrentar o Leão, pega o Bragantino. Na prática, Galvão vai tentar reforçar ao máximo o lado anímico para dar ao time a confiança necessária para alcançar o que parece pouco provável.

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