A falta que a torcida faz

O futebol não vai ficar eternamente órfão de torcida nos estádios. É possível que, até o fim da temporada, o avanço do novo coronavírus seja controlado no país, com redução de contágio e queda do número de óbitos. Ao nível de hoje, porém, com média superior a 1.200 mortes diárias (81.487 no total), é impraticável a normalização plena dos espetáculos esportivos até dezembro de 2020.

A maioria dos clubes perde uma receita brutal com a restrição de presença dos torcedores. A dupla Re-Pa, que arrasta multidões a seus jogos, já começa a sentir o impacto da falta de bilheteria. O Parazão, que será reiniciado a 1º de agosto, será de portões fechados.

É o ônus a pagar em troca da segurança e do bem-estar da população. Nenhum país europeu liberou jogos com torcedores, embora a Fifa tenha estudos encaminhados a respeito. Acontece que o nível de incertezas quanto ao risco de contágio proíbe qualquer passo nessa direção.

Quando vários institutos de pesquisa e universidades apontam o risco de recontaminação de pessoas pela covid-19, a ideia de normalização plena do futebol soa temerária. Os clubes mais prejudicados no aspecto financeiro são obviamente os mais empenhados em defender o abrandamento do critério de reabrir as arquibancadas ao público.

No Rio de Janeiro, a federação quase acatou um decreto da prefeitura para permitir torcedores pagantes nos estádios, ocupando 50% dos lugares. A previsão era que isso ocorresse em junho, ainda no Campeonato Carioca, também apelidado sugestivamente de Covidão 2020. A intensa repercussão negativa evitou que a proposta macabra fosse levada a cabo.


Em entrevista, ontem, o presidente do PSC, Ricardo Gluck Paul, indicou a intenção de levar um plano elaborado pelo clube para a avaliação da Prefeitura de Belém, propondo a liberação de parte da lotação da Curuzu para os jogos do Brasileiro da Série C.

Sem estabelecer prazos, Ricardo explicou que o clube executa o seu protocolo para que possa vir a ter público pagante ainda durante a Série C 2020. O plano a ser encaminhado à PMB, segundo ele, prevê que a abertura seja segura e gradual.

O clube tem o direito legítimo de defender essa possibilidade. Embora impraticável no momento, a ideia pode ser o embrião para a flexibilização das normas que envolvem o futebol. O problema é que, a seguir no ritmo atual de casos da doença no Pará, com 144 mil infectados e 5.616 óbitos (segundo o boletim atualizado da Sespa), a proposta do Papão só terá chance de aprovação em 2021.

Torcida encarnada protesta contra contratação de Jesus

Para surpresa de muita gente, a chegada do técnico Jorge Jesus a Lisboa não foi tão triunfal e festiva como se previa. Muito ligado ao Benfica, o Mister voltou por cima, consagrado pela brilhante passagem pelo futebol brasileiro comandando o Flamengo. Ocorre que o maior clube português enfrenta período financeiro turbulento, o que motiva e explica a rejeição de boa parte da torcida à contratação milionária de JJ.

A agremiação encarnada tem sido sacudida por embates políticos virulentos nos últimos anos. A participação pouco convincente nos torneios europeus enfraqueceu a atual diretoria e fez com que a oposição ganhasse fôlego para protestos cada vez mais frequentes. Jesus é a bola da vez e sentiu o bafo do dragão logo no desembarque. E, pelo visto, os problemas estão apenas no começo.

Jesus preferiu trocar, por um salário polpudo, a tranquilidade e a glória de “rei do Rio” pelas águas revoltas do Tejo. Precisará mais do que nunca sacar alguns novos truques da cartola.

Cores da Revolução Cabana inspiram nova camisa azulina

Sempre que a história é lembrada em cores vivas no país que não valoriza o passado, o ato deve ser aplaudido. O Remo se baseou nos ideais da Revolução Cabana, a única rebelião de inspiração popular no Brasil, para formatar sua terceira camisa para a temporada.

Nas cores da bandeira do Pará, com predomínio do tom vermelho, a nova camisa foi bem recebida nas redes sociais, não apenas pelos torcedores remistas. Gente de outras praças e até torcedores bicolores aplaudiram a iniciativa, que deveria ser seguida pelos demais clubes.

Estádio da Curuzu sediará o clássico Re-Pa após 18 anos

A tabela das nove primeiras rodadas da Série C liberadas ontem pela CBF traz uma novidade de caráter histórico para o futebol paraense: o primeiro Re-Pa do Brasileiro será realizado no estádio da Curuzu no domingo, 4 de outubro, às 20h. Será a primeira vez que o Remo visitará o arquirrival em mais de 18 anos. O pesquisador Jorginho Neves informa que o último choque-rei disputado no campo do Papão ocorreu em 17 de março de 2002, valendo pela Copa Norte. Balão fez o gol da vitoria remista.

O campeonato começa primeiro para o Papão, no sábado, 8 de agosto, recebendo o Santa Cruz na Curuzu, às 17h. O Leão estreia no domingo (9), às 18h, no acanhado estádio Eliel Martins, em Riachão do Jacuípe (BA), contra o Jacuipense.

Cidades e estádios pré-definidos são os utilizados habitualmente pelos clubes mandantes. A CBF ainda lembrou que os clubes concordaram em jogar fora de suas cidades ou Estados, caso haja necessidade de cumprimento das restrições sanitárias. Nesse caso, as mudanças devem ocorrer até 10 dias antes da data do jogo.

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