O primeiro confronto entre Palestra Itália e Corinthians foi travado no dia 6 de maio de 1917. Neste sábado, o maior clássico de São Paulo, batizado de Derby por A Gazeta Esportiva, completa 100 anos com a rivalidade fortalecida pelos títulos recentes conquistados por alviverdes e alvinegros.

Ex-jogador do Corinthians, fundado em 1910, Bianco marcou o primeiro gol do Palestra Itália, criado em 1914. Em 1915, os dois clubes atuaram apenas na várzea e alguns atletas chegaram a se dividir. No ano seguinte, as agremiações passaram a disputar torneios oficiais e foi preciso escolher.

Os jogadores que trocaram de time acabaram taxados de traidores, iniciando a rivalidade antes mesmo do encontro inicial, disputado há exatos 100 anos. Em um domingo à tarde, no Parque Antarctica, o Palestra Itália contou com gols de Caetano Izzo para ganhar por 3 a 0, pelo Campeonato Paulista.

Na véspera do terceiro clássico, pelo Estadual 1918, um osso de gado foi atirado contra a vidraça da pensão na qual os atletas do Corinthians almoçavam com a mensagem: “O Corinthians é canja para o Palestra.” Após empate por 3 a 3, os alvinegros mudaram a inscrição: “Este osso era para canja, mas não cozinhou por ser duro demais.”


Osso usado como provocação em 1918 foi guardado no memorial do Corinthians (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Esportiva)

No Campeonato Paulista 1940, em um jogo que também valeu pelo Rio-São Paulo, o Derby registrou mais um caso folclórico. Na última incursão do Palestra Itália ao Parque São Jorge, um torcedor visitante soltou um galo pintado de verde dentro do gramado. Após a vitória por 2 a 0, os corintianos depenaram o animal para celebrar.

Os dois clubes, criados nos anos 1910, cresceram exponencialmente e, com o passar dos anos, estabeleceram a maior rivalidade de São Paulo. Partidas históricas, como as decisões dos Campeonatos Paulistas de 1954 (vencida pelo Corinthians) e 1993 (vencida pelo Palmeiras), marcaram o clássico.

O termo Derby, usado para se referir ao duelo entre Palmeiras e Corinthians, surgiu nas páginas de A Gazeta Esportiva. O jornalista Thomaz Mazzoni, que revolucionou a cobertura esportiva no comando da publicação, foi o responsável por batizar o clássico com a mesma palavra usada para definir corridas de cavalo.

Recordista, Ademir da Guia conquistou 11 títulos pelo Palmeiras, entre eles cinco nacionais, mas aponta o Estadual de 1974, decidido em um Derby, como o principal. “Ganhar do Corinthians sempre foi especial. Eles vinham em uma sequência desde 1954 (sem títulos). Esse clássico realmente marcou e ficou gravado”, disse o ex-jogador à Gazeta Esportiva, em 2014.

Penas do galo atirado pela torcida palmeirense em exibição no Memorial do Corinthians (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

O São Paulo Futebol Clube, criado nos anos 1930, foi o último integrante do Trio de Ferro a surgir. Rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro em 2002 e 2012, o Palmeiras perdeu terreno, o que motivou alguns a apontarem o clássico entre São Paulo e Corinthians como o maior do Estado.

Em entrevista à Gazeta Esportiva, concedida em 2010, o ex-volante Vampeta foi questionado sobre o assunto. “O Palmeiras era o maior rival. Hoje, é o São Paulo”, afirmou o ídolo alvinegro, responsável por aumentar a rivalidade com suas provocações aos tricolores.

Ganhador do Campeonato Brasileiro nas temporadas de 2006, 2007 e 2008, o São Paulo está em jejum desde o título da Copa Sul-Americana 2012. A partir de 2014, o Morumbi, antes frequentado por Palmeiras e Corinthians em jogos decisivos, ganhou a concorrência das modernas arenas dos clubes mais antigos.

Com o São Paulo na fila há cinco anos, o Palmeiras ganhou a Copa do Brasil 2015 e o Campeonato Brasileiro 2016, enquanto o Corinthians conquistou a Recopa 2013, o Campeonato Paulista 2013 e o Campeonato Brasileiro 2016. Assim, no 100º aniversário, o Derby vê seus protagonistas em alta e a rivalidade, fortalecida.

Fonte: Gazeta Esportiva

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