O retorno do futebol paraense tem sido discutido com mais afinco nas duas últimas semanas, mas um consenso parece cada vez mais longe de ser alcançado. Por causa da pandemia de Covid-19, um protocolo para que o Campeonato Paraense seja retomado está em formulação e hoje, numa reunião por videoconferência, a comissão responsável por esse protocolo deve passar esse primeiro esboço aos presidentes dos clubes. Ontem, esses mesmos presidentes das agremiações que estão no Parazão fizeram uma reunião prévia sobre o assunto.
Do encontro virtual dos presidentes saiu a quase unanimidade de que a situação financeira será a principal preocupação, sem algumas definições quanto ao pagamento da conta de várias novas recomendações como os exames periódicos e mudanças na estrutura dos clubes.
“Foi uma reunião interessante. A maioria dos clubes está muito preocupada com os custos do retorno do futebol. Ficamos de criar uma comissão entre os clubes para estimar os custos do retorno”, informou o presidente do Paysandu, Ricardo Gluck Paul. “Entendemos que o cenário mudou e impôs desafios diferentes aos do início do ano, quando os orçamentos foram feitos”, completou o bicolor.
Presidente do Carajás, único clube já rebaixado, Luiz Omar Pinheiro salienta que a agremiação tem condições de bancar os dois últimos jogos, mas não sabe como será com as demais providências. “Queremos jogos em condições normais, com a presença da torcida, venda de ingressos. Não queremos esse protocolo que estão querendo criar, com concentração bem antes, exames a cada dois dias, exame antes e depois dos jogos. O Carajás não tem como arcar com essas despesas, até porque a pandemia não estava nos planos. Então, acho melhor esperar acabar e jogar”.
DIFICULDADES
O retorno do futebol esse ano no Pará é algo que divide os clubes, em especial os do interior. A falta de estrutura é salientada, mas a própria forma como o campeonato estadual voltaria ainda encabeça as reclamações. “Sou favorável que o campeonato termine e o Carajás tem condições de disputar os dois jogos que faltam. O clube se preparou, tem uma reserva em caixa para essas rodadas”, afirma Luiz Omar Pinheiro, que defende o retorno dos jogos quando houver condições.
Tendo calendário ainda esse ano com a Série D, o Independente faz parte do rol dos clubes que está na descrença com a volta da competição estadual. “Está meio complicado. O fato de termos uma reunião com a federação não quer dizer que volta mês que vem”, diz o presidente Deley Santos. Ele admite que vê muitas dificuldades nessa volta. “Particularmente, acho que não tem mais clima para continuar com o Parazão. Temos que achar uma solução para esse encerramento”.
“O Tapajós não tem como montar um elenco para dois jogos. É impossível e seria um risco de rebaixamento. Não temos mais nada a receber de patrocinadores. Seria um suicídio financeiro”, desabafa Sandiclei Monte, presidente do clube santareno. O dirigente elenca vários motivos contra o retorno, desde a preocupação com a saúde dos profissionais envolvidos até a saúde financeira dos clubes.
“O Tapajós é contra um retorno do campeonato. Estamos no pior momento dessa pandemia e não dá nem para pensar nisso. Se fosse para voltar, teria que ser em dezembro, ou então encerrar logo. Quem vai se responsabilizar pelas pessoas que porventura adoeçam? Por que fazer todos os jogos em Belém? As dificuldades são tremendas e muitos clubes não têm como montar um time para dois jogos, vai arrebentar os clubes”, avisa.