Na semana em que contratou um novo treinador para a seleção brasileira após o cargo ficar vago por 45 dias, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teve seu presidente, Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na quinta-feira (15).

Interventor nomeado pelo desembargador Gabriel Zefiro, Fernando Sarney convocou nesta sexta-feira (16) a próxima eleição na entidade máxima do futebol brasileiro. O pleito está agendado para 25 de maio, um domingo, véspera da data de apresentação e da primeira convocação de Carlo Ancelotti como técnico da equipe canarinho.

A chegada do italiano era a principal cartada de Ednaldo para conter a crise na CBF e tentar se manter em sua cadeira a despeito de ações contra sua gestão na Justiça do Rio, no STF (Supremo Tribunal Federal) e na Comissão de Ética da própria confederação.

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Na segunda-feira (12), antes mesmo de Ancelotti ou do Real Madrid anunciarem o fim da relação entre as partes, a CBF se antecipou e divulgou a contratação do italiano, à frente do time espanhol desde 2021.

A pressa era uma tentativa de abafar a convocação de Ednaldo para comparecer em audiência no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que investiga a autenticidade da assinatura de Antônio Carlos Nunes Lima, o Coronel Nunes, no acordo que validou a primeira eleição vencida por Ednaldo.

O ex-vice da confederação não compareceu por questões de saúde. Antes da marcação de uma nova data, Gabriel Zefiro decidiu por anular o termo “em razão da incapacidade mental e possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes”.


A decisão do desembargador também determinava que o interventor designado deveria convocar um novo pleito o mais breve possível, como fez nesta sexta Fernando Sarney.

Participam da Assembleia Geral da CBF os presidentes das 27 federações estaduais (com peso 3 no voto), os mandatários dos 20 clubes da Série A (peso 2) e os presidentes dos 20 clubes da Série B (peso 1).

No último dia 24 de março, como candidato único, Ednaldo Rodrigues havia sido eleito para o mandato de março de 2026 a março de 2030 por aclamação, com apoio de todo o colégio eleitoral.

Menos de dois meses depois, um bloco de 19 das 27 federações abandonou o cartola. Em um manifesto pela “estabilidade, renovação e descentralização do futebol brasileiro”, os dirigentes demonstraram união em torno da busca de um nome para se candidatar ao cargo.

Ainda que Ednaldo tente recurso no STF contra seu afastamento, o movimento das federações indica que seus cartolas não acreditam em reviravolta na situação do presidente afastado. O número de 19 federações é significativo porque representa 57 votos na eleição da CBF.

A assessoria jurídica da presidência da CBF, no entanto, qualificou a decisão da Justiça do Rio de Janeiro como uma “afronta direta” à ordem constitucional e pediu ao STF medidas cautelares para suspendê-la.

O recurso deve ser analisado pelo ministro Gilmar Mendes. Pessoas próximas ao magistrado afirmam ter tornado improvável a permanência de Ednaldo no comando da CBF.

Antes de apreciar esse recurso, no dia 28 de maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) dará continuidade ao julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 7580, que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar esse tipo de acordo com entidades esportivas. Era com um termo desse tipo, além de uma decisão liminar, que Ednaldo se mantinha no cargo.

No bloco das 19 federações que soltaram a mão do cartola, o nome de Samir Xaud, dirigente de Roraima, surge com força para concorrer ao pleito. Ele foi eleito para comandar a federação de seu estado a partir de 2027, sucedendo seu pai, que completará 40 anos à frente da FRF (Federação Roraimense de Futebol) em 2026.

Outro nome que ganha força é o do presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Reinaldo Carneiro Bastos. A entidade sob sue comanda não está entre as signatárias do manifesto, mas ele teria o apoio de clubes da LFU (Liga Forte União) e da Libra, os dois blocos que representam comercialmente os times das Séries A e B do futebol brasileiro.

O edital para a eleição será publicado neste sábado. As chapas devem ser registradas entre os dias 18 e 20 de maio. O período de mandato do quadriênio é de 2025 a 2029.

Enquanto a CBF organiza sua nova eleição, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) busca entender melhor a situação de tomar qualquer atitude.

O estatuto da entidade máxima do futebol mundial afirma que decisões da Justiça comum que interfiram na autonomia de entidades filiadas à Fifa podem gerar sanções, entre as quais a suspensão de seleções e clubes em competições internacionais. O afastamento de Ednaldo poderia se enquadrar nesses termos.

De olho da Copa do Mundo de 2026, como um de seus últimos atos antes de ser afastado pela Justiça, o cartola topou oferecer um salário de R$ 5 milhões por mês para convencer Carlo Ancelotti assumir o time canarinho a pouco mais de um ano para o início do Mundial, com a missão de evitar que crise institucional da CBF possa atrapalhar a jornada da seleção no torneio.



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