Você sabia que depressão, palavra que deriva do latim depressio, simboliza um “abaixamento” ou “forma afundada” e começou a ser usada com sentido médico no século 19? No entanto, as raízes remontam à Antiguidade, quando Hipócrates, pai da medicina, descreveu a “melancolia” como resultado do excesso de bile negra no corpo.
Na Idade Média, a condição ganhou interpretações espirituais, vista como um adoecimento da alma. Hoje, mesmo com avanços, o tema ainda carrega desafios importantes, especialmente em contextos como o esportivo.
Por isso, o mundo do futebol vai muito além das quatro linhas. Jogadores, muitas vezes idolatrados em momentos de vitória, também enfrentam o peso da pressão e das críticas, especialmente nas redes sociais digitais.
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PRESSÃO, ATAQUES VIRTUAIS E GESTÃO DE PESSOAS
Muitas vezes, esquecem que, por trás do uniforme, existem seres humanos com emoções, famílias e histórias. Ataques virtuais prejudicam mais do que se imagina, impactando não só o desempenho em campo, mas também fora dele.
É urgente refletir sobre o respeito e a empatia nesse cenário, lembrando que o atleta é, antes de tudo, um indivíduo como qualquer outro. Este assunto ganhou força no Paysandu nesta temporada.
“Eu vou tirar a profissão, pois antes dele ser jogador, ele é um ser humano (João Vieira). E isso afeta qualquer ser humano. Você ser atacado, ter a sua esposa atacada em uma rede social. Colocaram o casamento dele em questão por envolvimento com outras pessoas. Então, não tem como. Cada vez mais, tenho convicção de que o trabalho de gestão de pessoas é focado nisso. Está todo mundo, o tempo todo, exposto a problemas de saúde”, destacou o executivo bicolor, Felipe Albuquerque, em entrevista ao jornalista Ronaldo Santos, da RS Live Sports.
Recentemente, o volante João Vieira mostrou um descontentamento com inverdades que rolaram nas redes digitais, que envolveram a família do atleta. Isso dificultou a renovação do camisa 8 com o clube.
“Eu levei atleta ao hospital de madrugada. Outro não viajou porque a esposa teve uma reação alérgica. Tivemos o caso do João. Outros atletas passaram dificuldades em redes digitais, de estarem sofrendo ataques. Não chegue a um ponto de chamar de psicopatia, porque podem interpretar errado, mas é uma doença da mente, da pessoa ficar mal, de ter traços da depressão”, ressaltou Felipe Albuquerque.
O executivo chegou na reta final da Série B do Campeonato Brasileiro e trabalhou bastante na gestão de pessoas dentro do Papão, inclusive descobrindo que um atleta chegou à beira da depressão.
“Tivemos caso onde conversei com o corpo de saúde do clube, onde um atleta estava apresentando traços de depressão, entristecido. Não estava tendo o mesmo relacionamento com os colegas de trabalho. Tudo isso que estamos falando se resume à questão da saúde mental”, revelou.
O futebol ainda carrega certos preconceitos quando o tema é saúde mental e psicologia. A presença de psicólogos no esporte ainda enfrenta resistência, sendo vista por alguns como sinais de fraqueza ou desnecessárias.
Essa visão desatualizada ignora os consideráveis benefícios do acompanhamento psicológico, como o fortalecimento emocional, a melhoria no desempenho e a superação de pressão externa, como críticas e altos níveis de cobrança.
“Não é ser jogador, jornalista, executivo, ajudante, é um ser humano o tempo todo em contato com o mundo, encontrando dificuldades. No futebol, ainda há muito preconceito em relação à psicologia como uma forma de curar, de desenvolver. A gente precisa evoluir. Falo no Brasil todo, pois engatinhamos neste sentido”, comentou.
É preciso desmistificar essa barreira cultural e entender que o equilíbrio mental é tão importante quanto o preparo físico, especialmente em um cenário onde os atletas lidam com expectativas e a exposição nas redes e na mídia.
“Respondendo de forma objetiva, o atleta sente. A família é a base. É para onde ele volta quando o dia termina. Então, quando passa por esse tipo de situação, vai afetar ele no ponto de vista pessoal e aí vai refletir no desempenho em campo. Como dizia um amigo, não somos uma pizza que acaba fatiada. Somos um só. Então, a partir do momento que o cara não estiver bem em casa, muito provavelmente ele estará mal em campo”, finalizou Felipe Albuquerque.
Confira a entrevista: