A ilusão da ajuda mútua
Notícia ruim para os que creem na lenda urbana de que a dupla Re-Pa pode se ajudar nas etapas classificatórias da Série C. A ideia é edificante, mas peca pela ingenuidade mais rastaquera.
É preciso entender que o sistema de classificação não permite vacilos a quem busca passar à próxima fase e ao mata-mata do acesso.
Por mais boa intenção que exista de parte a parte entre os velhos rivais, cujas diretorias convivem harmoniosamente, não há forma de conciliar interesses conflitantes.
A glória de um pode significar a desgraça do outro e é assim que as coisas são. Caso cheguem empatados em pontuação até a 17ª rodada, como estão no momento, irão fazer um clássico de vida e morte na rodada de fechamento.
Até a hipótese de um empate que ajudaria a ambos deve ser descartada em nome do bom senso. Afinal, mesmo que a pontuação permita a passagem de ambos à etapa seguinte, haverá sempre a necessidade de ficar melhor posicionada para obter vantagem no cruzamento eliminatório.
Portanto, por mais que o prezado leitor-torcedor, seja da confraria dos bons samaritanos, tire essa ilusão pueril da cabeça. Utopias são necessárias na vida, mas todos sabemos o sentido e o significado delas.
Leão e Papão são irmãos siameses, mas estão condenados a caminhar em rotas quase sempre opostas e conflituosas.
E nem vou levantar aqui a possibilidade (felizmente quase descartada) de uma disputa sangrenta para fugir ao rebaixamento. Melhor ficar por aqui, projetando brigas mais edificantes.
O fato é que o Papão de Nicolas não pode andar de mãos dadas ao Leão de Eduardo Ramos, por mais singela que a ideia seja.
Quando um craque pendura as chuteiras
Como deve ter ocorrido com muitos companheiros de ofício, dinossauros ou não, senti um baque ao ler a nota em Lucio Flávio Pinto anuncia a sua aposentadoria.
Além do brutal prejuízo para o jornalismo que se pratica aqui e alhures, o que mais provocou impacto foi constatar que um mestre do ofício se sente repentinamente impossibilitado de fazer o que mais gosta.
E fazer jornalismo é o que nós, jornalistas, mais amamos fazer, por mais redundante que isso possa parecer. Os do ramo entenderão.
De imediato tentei me colocar no lugar do Lucio, procurando imaginar o que está sentindo neste momento tão dramático.
Triste, desamparado. Foi como me senti. Não gostaria de estar vivenciando esse adeus às armas tão precoce que os problemas decorrentes do Parkinson impõem ao velho companheiro.
Diferenças de pensamento e convicções políticas à parte, admiro a qualidade do trabalho e a coragem pessoal de Lucio.
Mais do que os muitos prêmios conquistados, destemor no enfrentamento aos poderosos é o que me vem à cabeça quando lembro dele.
Poucos de nós podem ter esse legado profissional para ostentar.
Valeu, Lucio. Parabéns por tudo.
Jogo-chave para os planos leoninos
Para o Remo, o jogo desta noite com o Ypiranga é daqueles momentos cruciais numa campanha. Em caso de uma vitória, o projeto de crise imediatamente cai por terra e o time retoma o caminho virtuoso.
Um empate não seria de todo ruim. Pode ser um alento, pois não deixaria o time tão distanciado do G4. Com alguma sorte pode permitir até a permanência na zona de classificação.
Problema mesmo é se o time sofrer um revés. Aí a desconfiança da torcida irá se acentuar e o afastamento do G4 torna-se inevitável.
O esquema esboçado por Márcio Fernandes dá a entender que o time vai praticar um jogo de controle da posse de bola, como forma de minar a resistência (e a paciência) dos donos da casa.
A conferir.